Apresentação

A crise capitalista acirra a pressão burguesa sobre as organizações independentes dos trabalhadores, gerando um contexto particularmente adverso para as forças socialistas.

O esforço de enquadrar todas as formas de expressão política das classes dominadas nos parâmetros da ordem torna inadiável a superação da teoria e da prática que embasaram a visão de que seria possível conquistar melhorias significativas nas condições de vida dos trabalhadores sem mudanças estruturais em todas as dimensões da economia e da sociedade — visão capitaneada pelo Partido dos Trabalhadores que hegemonizou a atuação dos sindicatos e movimentos sociais nas últimas quatro décadas.

O risco de marginalização do processo político obriga as forças socialistas a superar a fragmentação e a unificar-se em torno de um programa político que defenda a urgência da luta por transformações econômicas, sociais e culturais que permitam uma elevação do nível tradicional de vida dos trabalhadores e, como consequência, uma ruptura com a ordem do capital.

Sem uma referência política que questione abertamente as estruturas internas e externas responsáveis pelas mazelas do povo, os trabalhadores ficam condenados à miséria do possível. Sem força mínima para se afirmarem na luta de classes, os socialistas não têm como apresentar uma alternativa política viável ao projeto burguês.

É nesse contexto, agravado dramaticamente pela chegada de Bolsonaro à Presidência da República, que apresentamos o Contrapoder como contribuição à reflexão e difusão de um projeto socialista para o Brasil. Nosso objetivo é construir um polo de aglutinação do debate sobre os problemas dos trabalhadores e suas possíveis soluções que, respeitando a diversidade da esquerda socialista, se transforme num espaço democrático e plural de discussão política e programática das forças políticas e sociais que buscam uma saída construtiva à barbárie capitalista.

O espaço Contrapoder estará aberto à participação de forças políticas e militantes comprometidas com:

  • A crítica e a superação do programa democrático-popular — que ainda hoje hegemoniza a maior parte da esquerda brasileira;
  • A superação do lulismo — críticos, portanto, ao PT e aos governos de Lula e Dilma e refratários à construção de alternativas estratégicas, inclusive eleitorais, com tal partido;
  • A construção da unidade de ação da classe trabalhadora contra os ataques do capital, sem abrir mão da independência política e da crítica às pressões oportunistas e reformistas que influenciam parcelas da classe;
  • A defesa da construção de uma alternativa estratégica, agrupando o PSOL, o PCB, o PSTU, coletivos políticos, movimentos sociais e militantes comprometidos com a organização independente da classe trabalhadora; e
  • A revolução socialista como único horizonte estratégico capaz de deter o avanço da barbárie capitalista.