Em 19 de julho de 1898 nascia, em Berlim, Herbert Marcuse. Para alguns, a expressão máxima do marxismo da primeira geração da Escola de Frankfurt. Marcuse foi aluno de Heidegger e era um de seus seguidores até que em 1932 aparecem os Manuscritos de 1844 de Marx. Para ele, esse foi o ponto de virada. Tudo que em Heidegger parecia sólido se desmancha como palavrório abstrato, metafísico. Toda produção de Marcuse após isso, apesar de toda sua erudição e profundidade intelectual, terá como bases tanto os Manuscritos de 1844 quanto os Manuscritos de 1857-1858, os Grundrisse. Esses dois livros, fragmentados, serão de grande relevância para sua contribuição à Teoria Crítica da Sociedade. Não por acaso, Marcuse será o guru da New Left nos EUA, especialmente em San Diego, Califórnia, onde foi professor e orientador de Angela Davis. Igualmente, Marcuse foi um dos teóricos fundamentais para os bravos combatentes da geração de 1968 no Brasil. Seus livros-referência para estes: Eros e Civilização, de 1955, e O homem unidimensional, de 1964.
Junto ao Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt, Marcuse produziu teoria sobre os efeitos da tecnologia moderna na constituição da sociedade capitalista e em suas relações sociais; sobre a dimensão estética e como a arte, literatura especialmente, poderia servir como ponto de apoio para a revolução social e as mudanças da sensibilidade humana; sobre filosofia, a passagem de Hegel a Marx, especialmente; sobre marxismo e psicanálise, dando nova dimensão para as possibilidades da revolução social; sobre os efeitos da sociedade da abundância de mercadorias e o tédio na sociedade industrial avançada; sobre o que hoje chamaríamos de ecossocialismo; sobre utopia concreta; entre diversos outros temas. Todos eles tinham em comum o fato de apontarem para a necessidade de transformação radical da realidade vigente. Contudo, não qualquer transformação ou a partir de qualquer sujeito: não é a classe, tal como mecanicamente teorizada pela Terceira Internacional; mas os “desajustados”, aqueles que não se adaptaram àquela sociedade marcada pela mesmice.
Mesmo 42 anos após sua morte, Marcuse continua atual e relevante para aqueles que não se ajustam ao capitalismo e às suas formas petrificadas de relações sociais.
Viva Herbert Marcuse. Viva o filósofo que não se deixou adaptar por um instante sequer.