Congresso do PSOL: cresce a luta contra a refundação do partido

Por: Douglas Diniz1

O 7º congresso do PSOL em todas as votações de resoluções políticas escancarou a enorme polarização existente no partido entre dois pólos. 

De um lado a Oposição de Esquerda Unificada (da qual faz parte a LS/Movimento Esquerda Radical, a maioria das correntes fundacionais do partido e a Ação Popular Socialista) do outro está o PT-L (PSOL de todas as lutas).

No centro das discussões políticas está o debate: se o PSOL seguirá expressando o projeto de sua fundação, de superação política de esquerda ao PT, tese defendida pela Oposição Unificada, ou se converterá em linha auxiliar do partido de Lula como deseja a maioria da direção partidária (PT-L).

Em meio a essa polarização política cujo resultado final definirá a vida ou a morte do PSOL como partido de esquerda radical, estão as correntes que se organizaram no bloco “Semente” que mais cedo do que tarde terão que sair de suas posições centristas e se decidir por um dos dois campos em disputa.

O PT-L logo após o término do Congresso saiu a festejar nas redes sociais e na imprensa burguesa que o partido tinha definido por entrar na frente ampla encabeçada por Lula à presidência da república. Uma tentativa grotesca e desesperada de tentar construir uma narrativa que possa justificar perante sua base política e social o fato de terem enfrentado no congresso do partido um polo de oposição contrária a sua tese. Uma oposição que já vinha sendo construída com a intervenção e organização dos atos pelo Fora Bolsonaro e Mourão e que se unificou a partir da firme decisão do companheiro Glauber Braga de se postular como pré-candidato do PSOL à presidência da República. 

A votação que mais expressou essa polarização deu à candidatura própria do partido 44% dos votos das delegadas e delegados do congresso. A resolução vitoriosa e defendida pelo PT-L ficou muito longe de definir o apoio ao candidato do PT nas eleições, ao contrário, transferiu essa decisão para a Conferência Eleitoral do PSOL que se realizará em abril/2022. Portanto, a disputa segue aberta.

Terminado o Congresso, a Oposição de Esquerda Unificada definiu que nos próximos meses fará debates com a presença do companheiro Glauber nos principais estados do país. Nesses debates discutiremos política, as propostas radicais para tirar o país da crise e como organizar e fortalecer a luta pelo Fora Bolsonaro e Mourão! Tarefa que tem o apoio de centenas de milhares de ativistas e lutadores sociais em todo o país.

A decisão do PT-L vai no sentido contrário, continuarão correndo atrás do PT torcendo para que Lula abdique de ter um vice-presidente ligado ao empresariado brasileiro e que os partidos do fisiológico centrão que derrubaram Dilma da presidência e que hoje dão apoio a Bolsonaro se pulverizem eleitoralmente em seu apoio a candidatura Lula e se mantenham restritos a construção de palanques estaduais. Tarefa muito difícil.

Os militantes organizados na Luta Socialista/Movimento Esquerda Radical (LS/MER) fazemos parte da Articulação Povo Na Rua e militamos para organizar a luta para derrubar Bolsonaro e Mourão agora nas ruas. 

Somos parte da construção política e organizativa de uma candidatura própria do PSOL, materializada na disposição do companheiro Glauber Braga. Uma candidatura que expresse um programa anticapitalista, anti-imperialista, feminista, ecossocialista, antirracista, que defenda os direitos da população LGBTQIA+, dos povos indígenas, dos quilombolas e ribeirinhos, uma candidatura que defenda um programa que atenda as necessidades do povo pobre e trabalhador e não do grande capital.

O 7º Congresso do PSOL apesar de ter sido feito em plena pandemia, onde o debate entre os militantes foi online e muito limitado, demonstrou que nosso partido segue vivo. Não seremos puxadinho do PT.

Referências

  1. Jornalista e membro da Diretório Nacional do PSOL.

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