Por Rodrigo Soares, Na Raiz
Em 21 de agosto de 1940, Leon Trotsky, aos seus 60 anos, falecia depois de ser brutalmente golpeado na cabeça dentro de sua casa em Cocoyacán, no México, onde vivia em exílio. A execução foi operada pelo agente do NKVD (Comissariado do Povo Para Assuntos Internos da URSS) Ramón Mercader, a mando de Josef Stálin, que se utilizou de uma picareta durante o ato, ferramenta esta que veio a se tornar um símbolo do stalinismo. O atentado contra Trotsky ocorreu na tarde do dia 20 de agosto, quando Mercader veio até ele em sua casa e o golpeou em seu escritório enquanto Trotsky revisava um artigo escrito pelo assassino que se infiltrou entre o seu círculo pessoal e político. Depois de levado ao hospital e entrar em coma, o revolucionário marxista veio a falecer no dia seguinte.
O legado de Trotsky, mesmo que ainda vivo, foi fundamental para a fundação da IV Internacional e os debates que caracterizam períodos importantes nas disputas geopolíticas daquele contexto, desde a ascensão do stalinismo e a capitulação cada vez mais marcante da degeneração burocrática do partido comunista e do Estado soviético, assim como das críticas à socialdemocracia e ao nazifascismo naquele período.
Sua morte representa parte de uma série de processos ainda mais violentos e autoritários protagonizados pelo Estado burocrático chefiado por Stálin e sua cúpula que implementou um grande regime de terror e expurgos na União Soviética, prendendo, torturando e assassinando centenas de dirigentes da Revolução Russa, reprimindo e perseguindo trabalhadores, camponeses, minorias étnicas e sexuais, censurando artistas e atrofiando cada vez mais as possibilidades de um modelo de socialismo autenticamente dirigido pela classe trabalhadora e contemplando uma verdadeira democracia proletária.
Sem ignorar as suas contradições enquanto dirigente da revolução que existiram e não devem ser apagadas, mas sim superadas dialeticamente, devemos reivindicar o legado de Trotsky e todas as suas contribuições acerca de questões importantes que permitiram traçar leituras consistentes em conjunturas que sucederam, inclusive, sua morte como na luta em defesa das conquistas da Revolução Russa e a oposição ao Estado burocraticamente degenerado sob a hegemonia stalinista; a perspicácia de compreender o capitalismo desde os países da ordem até as realidades periféricas através das lentes da teoria do desenvolvimento desigual e combinado; a defesa da revolução permanente, internacionalista e que cumpra as tarefas democráticas como parte de um processo ininterrupto e constante; assim como a luta contra as opressões raciais, a censura e pela autodeterminação dos povos oprimidos.