Neste dia, em que comemoramos a rebelião dos Povos – Revolução Haitiana (1804); Revolução Cubana(1959); Levante Zapatista em Chiapas (1994); Revolução de Rojava (2014) – é dia de renovar votos pela construção de um novo mundo.
Separamos uma carta do Gramsci à sua companheira e seus filhos, como mensagem para esse ano que virá. A carta foi publicada em forma de livro pela editora Boitempo, com uma bela edição.
Desejamos a todos os trabalhadores, não aos burgueses, um ano de muitas vitórias e conquistas.
“Querida Giulia, gostaria de contar uma história de minha cidadezinha que me parece interessante. Vou resumi-la para você, que depois vai lhes contar, a ele e a Giuliano.
Um menino dorme. Há um jarro de leite pronto para quando ele acordar. Um rato bebe o leite. O menino, sem ter o leite, grita, assim como grita a mãe. O rato, desesperado, bate a cabeça contra a parede, mas percebe que não adianta nada e corre até a cabra para conseguir algum leite. A cabra lhe dará o leite se tiver capim para comer. O rato vai até o campo em busca de capim, e o campo, seco, quer água. O rato vai até a fonte. A fonte foi arruinada pela guerra e a água vaza: a fonte quer que o mestre pedreiro a conserte. O rato vai ao mestre pedreiro: este quer pedras. O rato vai à montanha, que foi desmatada pelos especuladores e mostra por toda parte suas entranhas sem terra. O rato conta toda a história e promete que o menino, uma vez crescido, há de replantar pinheiros, carvalhos, castanheiras, etc. Assim, a montanha dá as pedras etc., e o menino recebe tanto leite que até se banha com ele etc. Cresce, planta as árvores e tudo muda; desaparecem as entranhas da montanha sob o novo húmus, a precipitação atmosférica volta a ser regular porque as árvores retêm os vapores e impedem que as torrentes devastem a planície etc. Em suma, o rato concebe uma verdadeira piatilietka1. É uma história típica de uma região devastada pelo desmatamento. Querida Giulia, não deixe de contar esta história e depois me comunique as reações dos meninos.
Abraços carinhosos,
Antonio
Bela história da cidadezinha de Gramsci! Contarei a meus netos.