Ninguém come PIB, come alimentos.

1 – Comemoração mental. O presidente Lula exaltou o fato de que o FMI deve anunciar o Brasil como a 8ª maior economia do mundo.

2 – Devagar com o andor que o santo é de barro. Considerando que o Brasil é o país com a 5ª maior área territorial e a 7ª maior população do planeta, a sua força econômica está bem aquém do que se deveria esperar.

3 – Tamanho não é documento. A posição do Brasil no ranking do PIB mundial dá uma visão enganosa de seu grau de desenvolvimento econômico. A renda per capita do Brasil (PIB/habitante), de US$ 11.352 em 2024 segundo o FMI, figura apenas na 76ª posição no conjunto dos países que compõem a economia mundial, atrás de República Dominicana, Argentina, México, Chile, Costa Rica, Panamá, Trinidad e Tobago, Uruguai e Porto Rico no continente latino-americano.

4 – Ninguém come PIB: Segundo dados do IBGE, “no último trimestre de 2023, 27,6% (21,6 milhões) dos domicílios particulares no Brasil estavam com algum grau de insegurança alimentar, sendo que 18,2% (14,3 milhões) enquadraram-se no nível leve, 5,3% (4,2 milhões) no moderado e 4,1% (3,2 milhões) no grave”, ou seja, mais de 70 milhões de pessoas têm algum grau de insegurança alimentar.

5 – Subdesenvolvimento e modernização dos padrões de consumo. A absoluta incompatibilidade entre o grau de desenvolvimento da economia brasileira e a cristalização de um padrão de acumulação baseado na cópia do estilo de vida e consumo das economias centrais condena 4/5 da população brasileira a uma vida miserável. As evidências são acachapantes:

  • a) De acordo com a UNCTAD, o Brasil figura na 75ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que pondera a renda per capita com acesso à educação e saúde, ficando atrás de Uruguai, Panamá, Costa Rica, Chile, México e Argentina, para ficar apenas em alguns dos países latino-americanos;
  • b) Conforme dados da ONU, a expectativa de vida do brasileiro ao nascer é de 76,2 anos, a 58ª do mundo, ficando abaixo de Chile, Costa Rica, Cuba, Uruguai e México na região;
  • c) Dados do PNUD mostram que o Brasil tem a 14ª maior concentração de renda do mundo, medida pelo índice de Gini.Na América Latina só perde para Costa Rica, Panamá e Colômbia;
  • d) Tendo como base dados do Banco Mundial, o Brasil é apenas o 45º país com menor proporção da população vivendo abaixo da linha da pobreza. Entre as 20 maiores economias do mundo, a proporção de pobres fica apenas atrás da Índia.

6 – E o salário, como fica? A discrepância salarial no Brasil é brutal. Os dados da PNAD apontam que a mediana salarial brasileira é de 2.000 reais (isso quer dizer que mais da metade da população ocupada brasileira ganha menos de 2 mil reais) para as 100 milhões de pessoas ocupadas no Brasil. Para se ter uma ideia, o DIEESE aponta que, em abril, o salário mínimo necessário corresponderia a 6.912,69 reais. O crescimento do PIB não tem um impacto significativo no salário da massa populacional brasileira.

7 – Quem se pretende enganar? O mito do crescimento econômico é a ideologia do subdesenvolvimento. Para além do presidente de plantão, o problema é o modelo econômico. Em 2026, os governos do PT completarão 18 anos no poder sem que esse quadro tenha sofrido alteração substancial.


Este texto não passou pela revisão ortográfica da equipe do Contrapoder.

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