Olga Benario nasceu em Munique (Alemanha) a 12 de fevereiro de 1908. Aos quinze anos de idade, sensibilizada pelos graves problemas sociais presentes na Alemanha dos anos de 1920 aproximou-se da Juventude Comunista, organização política em que passaria a militar ativamente. Era um momento de violenta repressão aos comunistas, cuja juventude foi colocada na clandestinidade.
Começou então sua jornada de lutas na clandestina Juventude Comunista da Baviera. Cumprindo tarefas que iam da colagem de cartazes, pichação e ministrando cursos para a juventude em Munique e nos bairros operários.
Olga sai da casa paterna e junto com o companheiro viajou para Berlim, onde ambos irão desenvolver intensa atividade política no bairro operário de Neukölln. Embora vivendo com nomes falsos, na clandestinidade, Olga e Otto acabam sendo presos em outubro de 1926. Ainda que Olga tenha ficado detida apenas dois meses, Otto permaneceu preso, acusado de “alta traição à pátria”. Em abril de 1928, Olga, à frente de um grupo de jovens comunistas, lidera assalto à prisão de Moabit para libertar Otto. A ação foi coroada de êxito, pois, além de o prisioneiro ter escapado da prisão de “segurança máxima”, Olga e seus camaradas conseguiram fugir incólumes.
A situação ficou cada dia mais difícil para Olga e Otto após a fuga. Eles são caçados por todos os lados. Ela havia, desde 1926, avançado na estrutura dirigente da Juventude do KPD após ter, entre outras atividades, enfrentado as milícias de extrema-direita em conflitos de rua no bairro de Kreuzberg, ao lado de Neukölln.
Por decisão do Partido Comunista, Olga e Otto viajaram clandestinamente para Moscou, onde a jovem comunista de apenas 20 anos se tornou dirigente destacada da Internacional Comunista da Juventude. Olga, a partir dessas novas funções, e com as credenciais da sua militância em Berlim, passa a cumprir diversas tarefas pela união Soviética e a ser saudada como uma destemida liderança comunista. Sendo eleita para o Comitê Central da Juventude Comunista Internacional.
Por seu interesse militar, Olga, solicitou ingresso numa unidade do Exército Vermelho, sendo integrada para treinamento com cavalos e exercício de tiro com armas leves e pesadas.
Como dirigente da Juventude Comunista Internacional, Olga recebeu uma missão na França e lá foi presa em manifestação de rua, sendo solta logo depois. Foi para a Inglaterra (Londres) quando, novamente numa manifestação de rua, acaba sendo presa. Ao voltar para Moscou, Olga toma conhecimento de que fora eleita para o Presidium da Juventude Comunista Internacional no V Congresso. A partir daí ela foi selecionada, entre centenas de candidatos, para a Academia Zhukovski (Força Aérea), onde fez o curso de paraquedismo e pilotagem de aviões.
Foi com essas credenciais que Olga foi convocada pelo secretário da Internacional Comunista, Dimitri Manuilski, para uma reunião que a colocaria na rota de vida do comandante da legendária Coluna Prestes. Era uma mulher de 26 anos que, naquele inverno de 1934, receberia uma importante tarefa do Comintern: acompanhar Luiz Carlos Prestes e cuidar da sua segurança.
Esse fato novo modificaria o rumo das suas ações até ali em Moscou. Era final de 1934, já separada de Otto, Olga sentia-se forte por ter recebido essa importante tarefa da Internacional Comunista. Acompanhou Luiz Carlos Prestes em sua viagem de volta ao Brasil, zelando pela sua segurança, uma vez que o governo Vargas decretara sua prisão, essa tarefa era vista pela revolucionária como a missão da sua vida. Não se tratava apenas de uma ação de preservação da vida de Prestes. A missão se revestia do sentido da revolução, do papel da militante internacionalista, da perspectiva de trabalhar com estratégia militar e construir análise política para poder vislumbrar a possibilidade da insurreição no Brasil.
No Brasil, Olga cuidou da segurança de Prestes e participou de muitas atividades até ser presa em 5 de março de 1936, após a derrota do levante de 1935. Mesmo grávida foi deportada para a Alemanha nazista em setembro desse mesmo ano, quando em campo de concentração deu luz à sua filha, Anita Prestes, em novembro. Passou pelo campo de concentração de Ravensbruck, onde foi obrigada a exercer trabalhos forçados e posteriormente foi deslocada para o campo de concentração de Bernburg, quando foi assassinada em abril de 1942.
Olga, segundo os depoimentos de todos que a conheceram e conviveram com ela, nunca vacilou diante das grandes provações que teve que enfrentar. Até o último dia de sua trágica existência, manteve-se firme perante o inimigo e solidária com as companheiras. Ao despedir-se do marido e da filha, antes de ser levada para a morte, escreveu:
“Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo”;
“até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver”.
Mulher e revolucionária, intelectual e militante: uma síntese da mulher que surgia para inspirar as lutas pelo progresso da humanidade.