A reforma política encabeçada por Lira é uma tentativa de empalhar a Nova República, mantendo-a viva apenas na sua aparência. Cabe a nós lutar para que a esquerda Socialista e consequente busque enterrar de vez o cadáver da Nova República e o genocida que se apoia no fisiologismo para governar.
A reforma política pautada por Lira e seus bandoleiros na Câmara dos Deputados demonstra que o chamado “Centrão” continua a ser o principal ponto de estabilidade política de qualquer governo burguês no Brasil.
Para salvar sua pele e acenar aos “mercados” sempre ávidos por esfolar o povo trabalhador, o governo Bolsonaro favorece à possibilidade de um retrocesso enorme no terreno eleitoral. Sempre foi refém deles, apesar das bravatas e motociatas.
Até aí quase nada de novo. Collor, Itamar, FHC, Lula, Dilma, Temer…. Todos governaram com a base alugada dos partidos fisiológicos da direita e, portanto a serviço dos interesses dos ricos e o fisiologismo de seus ventríloquos parlamentares.
À primeira vista, a explicação para esta força do fisiologismo reside na forma do regime político. Há quem acredite que bastaria uma reforma para reorganizar o sistema político e defender-se dos caciques partidários, mas esta é apenas aparência do problema.
O regime liberal-periférico brasileiro foi montado em 1988 após um ascenso que derrotou a ditadura. A Constituição vigente nada mais é do que a cristalização (formal) da correlação de forças deste momento. Ou seja, a manutenção da dominação burguesa, com algumas concessões econômicas e liberdades democráticas.
A avalanche posterior de cariz neoliberal atacou na medula as concessões econômicas aos de baixo que foram conquistadas no ascenso e a cooptação do lulismo ao modus operandi do regime consolidou esta tendência. A ascensão da extrema-direita colocou em risco também as concessões no terreno das liberdades democráticas.
A Nova República foi ferida de morte após as grandes jornadas de Junho de 2013, foram expostas suas vísceras após a derrota do movimento que foi enclaustrado entre a velha esquerda e a nova direita.
Frente à ausência de uma alternativa anticapitalista e independente que trouxesse algum sopro de vida, uma parte importante povo buscou no chorume o voto contra o cadáver e está sentindo na carne a dor de seu erro.
Após a experiência trágica de um governo da morte quando era preciso defender a vida, o cadáver da Nova República segue cercado pelos abutres que se alimentam dele. A direita fisiológica autodenominada “Centrão” já não teme que os vermes da extrema-direita de Bolsonaro, ao alimentar-se de sua putrefação ganhem força para fazê-los sucumbir.
Resta então a Lira e seus bandoleiros empalhar a Nova República. Retirar suas vísceras e aproveitar sua pele para seguir usufruindo de sua aparência da qual são os mais autênticos representantes.
De nossa parte, especialmente os que somos do PSOL, resta lutar para que a esquerda Socialista e consequente busque enterrar de vez o cadáver e apoiar-se no vigor das novas vanguardas que se movem nas ruas para derrubar o genocida na presidência apoiado no fisiologismo para terminar o mandato. Criar um corpo político vivo, legatário das melhores lutas de nosso povo para construir com ele uma saída para a crise profunda e multidimensional que vivemos. Ou se, tragicamente, optará por diluir-se na palha reformista, servir de enchimento à Nova República empalhada para, por fim, habitar seu mausoléu.