As tarefas da CSP-Conlutas em 2020

A CSP-Conlutas vem cumprindo um papel importante nos últimos anos ao se firmar como um polo de referência do sindicalismo classista. Em 2020, no combate central ao governo de extrema-direita de Bolsonaro/Guedes, nossa central pode cumprir um importante papel frente aos ataques que se avizinham.

Combater a paralisia das maiores centrais sindicais

CUT, CTB, Força Sindical e UGT, após fazerem “corpo mole” na Greve Geral que estava marcada para 14 junho, fizeram um papel vergonhoso no segundo semestre, sem chamar um dia sequer unificado de luta contra os ataques brutais do governo Bolsonaro. Essa política do “corpo mole” também é explicada porque a cúpula dessas centrais apoia governos como do CE e MA, que aplicaram duras Reformas da Previdência contra os trabalhadores do seus estados.

Em diversas categorias temos exemplo do vacilo dessas centrais. Nos Correios, frente aos ataques ao Plano de Saúde, os trabalhadores protagonizaram uma fortíssima greve, porém ao invés de propor continuar o enfrentamento às centrais recuaram. Em Petroleiros se negaram a unificar com Correios e fazer uma greve contra a entrega da BR Distribuidora. Temos exemplos diversos do papel cumprido pelas direções das centrais. E acreditamos que isso deve continuar. Porém, pressionando pela base, será possível lutar. A piora no nível de vida da população, a inflação dos alimentos que tirou a carne da mesa de milhões de trabalhadores, tudo empurra para que haja mais indignação e luta contra os governos e os patrões.

Por isso a CSP-Conlutas deve seguir dando o exemplo e continuar a exigir que as centrais se coloquem nas ruas em oposição ao projeto de Bolsonaro/Guedes. Quando não fizerem, precisam ser denunciadas frente à classe trabalhadora.

Um Sindicalismo pela Base

Frente aos ataques do governo Bolsonaro, dos governos estaduais e dos patrões, um sindicalismo pela base é uma necessidade. Mais do que nunca os sindicatos, minorias e oposições vinculadas à CSP-Conlutas devem ser linha de frente de um sindicalismo pela base, enraizado em cada local de trabalho. Ouvir os trabalhadores e trabalhadoras e ter política para organizar e mobilizar. Muito diferente da prática cotidiana da maioria dos dirigentes da CUT, CTB e Força. Só podemos enfrentar os ataques em curso com mobilização da base dos trabalhadores em cada categoria.

A enorme pressão burocrática dos aparatos sindicais só pode ser combatida com muito trabalho de base. Aparecer perante à base de trabalhadores(as) como algo completamente diferente dos burocratas sindicais que vivem encastelados dentro dos sindicatos é uma necessidade para os ativistas da nossa central. Os sindicalistas da CSP-Conlutas devem encabeçar a construção desse novo sindicalismo anti-burocrático no Brasil.

Garantir a aplicação das resoluções do congresso

As resoluções aprovadas no congresso armam a central contra o governo Bolsonaro chamando a unidade de ação contra o ajuste fiscal e o autoritarismo, mantendo a independência de classe. A aplicação dessas resoluções na base deve ser o norte de atuação da CSP Conlutas para derrotar as privatizações, o programa Mais Brasil, a MP 905 e a Reforma Administrativa.

Opinamos que foram corretas as resoluções aprovadas no congresso da CSP Conlutas porque elas armam para a unidade de ação contra os ataques do governo de extrema direita, apontam para a mobilização e a ocupação das ruas, se coloca ao lado dos setores atacados e propõe plenárias, fóruns e encontro da classe trabalhadora para armar a luta contra o governo Bolsonaro. Temos de recuperar o atraso e priorizar a aplicação dessas resoluções.

Defender a CSP-Conlutas

A CSP-Conlutas vive um forte debate interno. Existe todo um setor que há dois congressos tenta aproximar a nossa central das posições políticas do Lulismo, antes organizados no campo “Somos todos CSP”. Em linhas gerais, apesar de certas nuances afirmavam que após o impeachment a classe trabalhadora não teria disposição de lutar e a situação era “desfavorável” e via de regra aceitavam ou não combatiam de forma intransigente as bandeiras políticas do PT.

No último congresso da CSP-CONLUTAS esse campo estava disperso por várias teses, mas via de regra tinha nos camaradas da corrente Resistência-PSOL e setores da direção majoritária do ANDES-SN os seus expoentes.

Sem dúvida todo e qualquer debate político e metodológico é legítimo e o fundamental é construir os espaços para que as divergências possam fluir, além de fóruns que definam democraticamente a política e a orientação da central. O que não concordamos é que a partir das diferenças a única proposta seja preparar a saída da central de setores importantes como o SINASEFE — que já se desfiliou para construir o Fórum Sindical, Popular e de Juventudes, espaço que por sinal a CSP-Conlutas já faz parte. Agora a preocupação é qual rumo tomara o congresso do ANDES-SN, importante sindicato filiado à CSP-CONLUTAS.

Fragmentar o movimento sindical classista é ir contra a política da construção de um polo combativo no país. Ao mesmo tempo é desconsiderar que apesar de seus problemas e erros a Central vem desempenhando um papel importante na luta unificada contra o governo Temer (na greve geral e na marcha à Brasília) e na luta contra a extrema direita de Bolsonaro, diferente da cúpula pelega das demais centrais, em sua maioria dirigida pelos Lulistas que vacilaram nos momentos mais importantes da luta contra a direita e a extrema direita.

Adriano Dias, Corrente sindical Combate e Diego Vitello, Sindicato dos Metroviários

Adriano Diaz

Trabalhador cipista dos correios no Rio de Janeiro, militante do Combate e da CST.

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