Brasil, o país da fome

Os ventos de junho de 2013

No mês em que o Brasil bate o macabro recorde de 600 mil mortes pela covid-19, presenciamos de forma dramática a brutal crise social em que se encontra a maioria da população brasileira. Sob o governo Bolsonaro, vivemos o aumento da fome e da miséria do povo pobre e trabalhador.

Enquanto a inflação subiu nos últimos 12 meses 9,68%, a renda média da população caiu 9,4%. Hoje, 60% das famílias estão endividadas e os juros que encarecem o crédito estão nas alturas. Inflação alta e aumento nos juros vão apertar ainda mais o consumo.

Desde o segundo semestre de 2020, a extrema pobreza disparou de 10,5 para 27,5 milhões de pessoas. Isso significa que 13% do povo sobrevive com uma renda mensal abaixo de R$ 261 reais. A situação da perda de renda se agravou pela alta do desemprego, que de 14,2% foi para 14,7% da população.

Por isso a fome cresce e imagens de populares disputando ossos e pelancas de carne na porta de estabelecimentos comerciais se multiplicam em todo o território nacional.

Essa situação não é igual para todos os brasileiros. Enquanto 116,8 milhões de pessoas passam por insegurança alimentar, 40 pessoas se tornaram bilionárias, segundo a Revista Forbes/2021.

Vivemos em um país onde, na semana em que soubemos que o ministro da economia Paulo Guedes enriqueceu ganhando milhões de dólares com contas bancárias em paraísos fiscais, uma mãe de 5 filhos (2,3,6,8 e 16 anos) foi presa por furtar em um supermercado uma garrafa de refrigerante, dois pacotes de macarrão miojo e 1 pacote de leite em pó que custavam R$21,69.

Bolsonaro, o presidente miliciano, tem afirmado que tudo vai melhorar em 2022. Mente de forma descarada. A situação vai piorar.

Para não pagar a conta da crise, o povo pobre e trabalhador deve transformar toda a raiva que sente do governo e dos patrões em luta de rua. Deve fazer greve para garantir emprego, reajustar salários e melhorar as condições de trabalho. Deve exigir também a moratória de todas as dívidas bancárias, o congelamento e a redução dos preços dos combustíveis, da luz elétrica, do gás de cozinha, da água, telefonia, internet, dos aluguéis e acima de tudo dos produtos da cesta básica.

É compreensível que a população faminta comece a se auto-organizar para saquear sem dó nem piedade as grandes redes de supermercado e armazéns, que especulam e reajustam os preços das mercadorias de primeira necessidade. Lutar por comida, seja da forma que for, em hipótese alguma pode ser considerado crime.

Enquanto o presidente Bolsonaro estiver livre no comando do país, sendo o maior responsável pelas mortes ocasionadas pela pandemia da covid-19, pelo desemprego de milhões, e o ministro Paulo Guedes seguir fazendo fortuna nos paraísos fiscais em pleno exercício do cargo, as leis do estado brasileiro estarão completamente questionadas pelo povo faminto. A justiça e seus órgãos de repressão não podem existir para punir somente o povo pobre. Basta de impunidade!

Nos próximos meses terá muita importância todo o apoio político da esquerda radical do país às categorias de trabalhadores em luta por direitos contra o governo e os patrões. O exemplo arrasta.

É necessário nos somar à luta do povo pobre por melhoria de vida e assim conquistar a autoridade política necessária para que, quando milhares ocupem as ruas e os ventos de junho de 2013 soprem forte, estejamos à altura dos acontecimentos.

Nada podemos esperar das tradicionais direções do movimento de massas em nosso país, que, assim como Lula, estão comprometidas com o calendário eleitoral burguês e apostam todas as fichas em derrotar Bolsonaro somente nas urnas. Bolsonaro deve cair agora, não podemos esperar 2022.

LS

Luta Socialista - PSOL

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