De que lado estão os governadores do PT?

Danilo Bianchi, diretório nacional do PSOL

Diante da eleição da extrema direita em 2018, foi grande a expectativa de vários ativistas sobre a vitória do PT nas eleições para os Governos da Bahia, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte e também a vitória eleitoral do PCdoB no Maranhão. A esperança era que significaria um contraponto frente ao governo autoritário de Jair Bolsonaro. Infelizmente, depois de apenas um ano de empossados, essa perspectiva não se confirmou. Os governos do PT e PCdoB no Nordeste demonstram que têm mais afinidades do que diferenças com os governos da direita, tanto do ponto de vista econômico quanto referente às liberdades de manifestação.

Governando com ajuste fiscal e repressão

O governador cearense Camilo Santana encampou o desmonte na previdência dos servidores do estado, para isso reprimiu violentamente os trabalhadores. Fotos de servidoras gravemente feridas circularam nas redes sociais. O governador petista Wellington Dias, do Piauí, aprovou a reforma da previdência estadual para penalizar os servidores. No Rio Grande do Norte, a governadora petista Fátima Bezerra judicializou a luta dos servidores da saúde que lutavam contra os salários atrasado. Flávio Dino, governador do Maranhão pelo PCdoB, foi o governo pioneiro em aprovar sua reforma da previdência e também defendeu junto ao presidente Bolsonaro a entrega da Base de Alcântara para os EUA.

Na Bahia, o governador Rui Costa que já tinha aprovado um projeto de lei que aprofundava as privatizações e os ataques ao funcionalismo público, tenta agora aprovar sua reforma da previdência. Para isso fez uma verdadeira operação de guerra, utilizando de um grande aparato militar para coagir e inibir os que se manifestaram contra esse projeto.

Vale destacar que em todos os casos os governos do “cinturão nordestino” contaram com apoio e a colaboração da extrema-direita e do centrão para aprovar esses projetos. Em geral os deputados estaduais do PT, PCdoB, PSL, DEM, PMDB e PSB votaram todos juntos e misturados para retirar direitos de servidores estaduais.

Felizmente a militância do PSOL, no Ceará e Bahia, para citar dois estados do nordeste, esteve nas ruas contra essas medidas e no parlamento (com os companheiros Renato Roseno e Hilton Coelho) garantiu a posição dos trabalhadores batalhando contra a retirada de direitos.

Precisamos de uma Frente de Esquerda e Socialista

Em meio a toda essa situação é necessário tirar conclusões. Esses fatos demonstram para onde vão os governos que se aliam com a burguesia e buscam a “governabilidade” conservadora. Eles acabam abandonando as demandas populares e governando para os empresários, aplicando ajuste e reprimindo as lutas, praticando uma política de traição de classe.

Foi exatamente isso que ocorreu com o PT nos 13 anos passados de governo comuns com a FIESP, CNI, Odebrecht, OAS, Itaú, Bradesco, etc. Essa política levou Lula e Dilma a governarem em acordo com multinacionais e banqueiros o que ocasionou a privatização da previdência dos servidores federais, a legalização dos transgênicos, o pagamento da dívida interna e externa, a construção da usina de Belo Monte, votação da lei antiterrorismo, a promoção do encarceramento em massa, os leilões do petróleo, de estradas, portos e aeroportos. Os processos de corrupção que afetaram os governos do PT são a consequência dos governos com a Odebrecht, as oligarquias, o PMDB, PP, as negociatas no Congresso, contrariando os interesses dos trabalhadores.

A esquerda anticapitalista não pode seguir esse velho caminho da conciliação que só leva a derrota, ajuste e repressão. É com base nessa constatação que nos opomos às frentes amplas e/ou eleitorais com quem já governou praticando ajuste. É necessário outro caminho com independência de classe (sem alianças com os partidos burgueses nossos inimigos). Por isso defendemos a necessidade de construirmos uma Frente de Esquerda Socialista que reúna apenas as organizações da nossa classe, como o PSOL, PSTU, PCB, UP, MTST, APIB e CSP Conlutas, para enfrentar Bolsonaro, governadores e prefeitos e apresentar uma saída de fundo, que se posicione exclusivamente ao lado dos de baixo e que sirva para gestar uma verdadeira alternativa rumo a um governo dos que nunca governaram, os trabalhadores, a juventude, as mulheres e o povo pobre.

CST

Corrente Socialista de Trabalhadores e Trabalhadoras - PSOL

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