Com a entrada do ex-presidente Lula na disputa eleitoral de 2022, abriu-se dentro do PSOL o debate de qual linha o partido deve adotar para derrotar Bolsonaro.
De um lado, defendendo aliança com o petista já no primeiro turno das eleições, está o agrupamento político “PSOL de Todas as Lutas”, composto pelas Correntes: Primavera Socialista, da qual fazem parte Juliano Medeiros, presidente do partido, o prefeito de Belém (PA) Edmilson Rodrigues, e a corrente Revolução Solidária a qual pertence Guilherme Boulos, ex-candidato a presidente pelo partido em 2018.
Do outro lado encontra-se a maioria das correntes fundacionais do PSOL que têm defendido candidatura própria nas próximas eleições.
Nesse debate político profundo e estratégico entram em choque posições políticas inconciliáveis.
A primeira, em síntese, tem como objetivo inserir o PSOL em um projeto de conciliação de classes, cujo objetivo é aplicar o ajuste fiscal de retirada de conquistas e direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.
O segundo tem como projeto organizar e afirmar o PSOL como alternativa de poder no país, a serviço da maioria do povo pobre e de um programa de ruptura com a atual desordem capitalista.
O PSOL, partido radical que surgiu na esteira da traição de classe protagonizadas por Lula e os governos do PT, que governaram o Brasil durante 13 anos, para os ricos e poderosos, o sistema financeiro, a burguesia industrial brasileira e o agronegócio, em detrimento dos interesses e necessidades da esmagadora maioria da população, está em perigo.
A maioria da direção partidária quer refundar o PSOL, apagar nossa radicalidade e alterar princípios partidários como nossa independência política perante os partidos e projetos burgueses. Não somente isso, também quer mudar o nosso programa fundacional que é anticapitalista e anti-imperialista.
Nós, de Luta Socialista (LS), que participamos ativamente desde o início da organização, construção e legalização do PSOL, estamos integralmente comprometidos com as bases fundacionais do partido. Juntamente com outras organizações políticas que compõe o Bloco Esquerda Radical, nesse momento pandêmico e de muitas dificuldades para os trabalhadores e trabalhadoras e para o povo pobre de nosso país, não entregaremos, sem luta política, o PSOL nos braços do lulo-petismo e de seu projeto de conciliação de interesses de classes. Ao contrário, seremos parte ativa e ajudaremos, com todas as nossas forças, a impulsionar um amplo movimento para que o PSOL cumpra sua missão histórica para qual foi fundado: ser um partido contra a velha forma de fazer política; superar o caos que é o sistema capitalista e suas injustiças sociais; que tem na sua estratégia o socialismo com uma radical democracia de participação e decisão popular; que participa ativamente da luta do povo pobre e trabalhador por melhores condições de vida contra os ricos, poderosos e que mantenha distância com independência política de classe de todos os governos, que por mais progressivos que se intitulem, governem para os exploradores em detrimento dos explorados.
O PSOL, para além de participar da luta de nossa classe e dos setores excluídos por emprego, reajuste salarial, serviços públicos gratuitos e com qualidade, pelo não pagamento da dívida pública, taxação das grandes fortunas, defesa da natureza e dos povos originários, na luta contra toda e qualquer discriminação racial, em defesa da pauta das mulheres e do movimento LGBTQIA+, terá candidatura própria para as eleições presidenciais.
É necessário que um programa debatido amplamente com os debaixo, possa expressar as necessidades imediatas dos 99% da população que são privados do mais elementar dos direitos humanos, que é o de viver de forma digna.
Para que o PSOL se afirme como real alternativa política de poder, é necessária uma derrota de classe ao projeto de refundação política, que os lulistas que estão abrigados no PSOL, querem nos impor.
O PSOL não será domesticado!