RJ: A Frente Ampla com PT e PCdoB é a saída?

A direção majoritária do PSOL, sem realizar nenhuma discussão com a base de nosso partido no Rio de Janeiro, tenta impor uma aliança eleitoral com o PT e o PCdoB. Eles a chamam de “Frente Ampla”, para enfrentar as candidaturas bolsonaristas e de Marcelo Crivella. O argumento deles é que, pelo fato de a direita estar no poder nos três níveis, com Bolsonaro na Presidência da República, Witzel no governo do estado e Crivella na prefeitura do Rio de Janeiro, é necessário se unir com PT e PCdoB. Além disso, dizem que assim é possível barrar o projeto da extrema direita. O que a direção municipal do PSOL confunde é a necessidade de unidade de ação com uma desastrosa aliança eleitoral.

Para enfrentar a direita e a extrema direita, temos que fazer unidade de ação nas ruas, como fizemos na luta contra a reforma da previdência de Bolsonaro ou agora, na luta contra o fim da quarentena que vem sendo implementado por Bolsonaro, Witzel e Crivella. Unidade com qualquer partido ou movimento que queira participar de lutas para derrotar a direita nos ataques que fazem à classe trabalhadora. Já aliança eleitoral, só podemos fazer com partidos ou frentes que tenham táticas, estratégias, planos de ação e políticas comuns, ou ao menos próximos, para derrotar a burguesia.

Mas no terreno das lutas, o que vemos são as maiores lideranças lulistas se negando a construir as lutas contra Bolsonaro e ajudando a aplicar as políticas de ajuste votadas por Rodrigo Maia (DEM-RJ).

A disputa eleitoral no Rio de Janeiro

Estamos na disputa eleitoral no município do Rio de Janeiro e apresentamos como nosso pré-candidato à Prefeitura o companheiro Renato Cinco, representando a Frente de Esquerda. A direção majoritária do PSOL não aceita a realização de prévias eleitorais e infelizmente já decidiu que a candidatura do PSOL será definida na reunião do Diretório Municipal, sem nenhuma discussão com a base do partido, o que é lamentável.

Perguntamos: então nossos planos para a cidade incluem a remoção violenta dos pobres, com a utilização da PM, em nome do milionário setor imobiliário? Porque assim foi feito no passado recente. Somente para as obras da Copa e Olimpíadas, endividaram o município em mais de R$ 2 bilhões, num ambiente festivo entre os governos de Lula e Dilma e o prefeito Eduardo Paes (DEM-RJ), cujo vice-prefeito foi Adilson Pires, do PT, em aliança com o PCdoB. Será que nosso programa pode incluir remoções de pobres em benefício da especulação imobiliária, como aquela comandada pelo Secretário de Habitação, Jorge Bittar, do PT, na época do Paes? O caso mais famoso foi a remoção violenta dos moradores da Vila Autódromo para a construção de um mega hotel de 5 estrelas!

Em nossa proposta, incluiremos mesmo a repressão violenta aos trabalhadores, com a utilização do exército para ocupar as favelas, como fez o governo do PT ao ocupar a favela da Maré com tanques e forças do exército durante mais de um ano?

Nossa proposta para os moradores do Rio é dar continuidade aos super lucros dos bancos e à decorrente submissão dos poderes públicos à lógica das dívidas, como feito nos 13 anos de governos do PT? Ou ainda, proporemos cessão territorial de partes da cidade ao controle americano, como feito pelo PCdoB no Maranhão, entregando a Base de Alcântara?

Perguntamos ainda: nossa proposta de sociedade inclui reprimir manifestações de trabalhadores e da juventude, como fez o governador do Ceará, Camilo Santana, que colocou a PM para reprimir as mobilizações contra a reforma da previdência? Jogando bombas e gás lacrimogêneo para aprovar, em 9 dias, a mesma reforma da previdência que Bolsonaro passou 9 meses para aprovar, em função das mobilizações que realizamos em Brasília e nos estados? Ou então, usando o mesmo tipo de repressão para impedir a manifestação antifascista e antirracista, inclusive com a prisão de militantes do PSOL?

Os governos de unidade com a burguesia não servem

Não podemos esquecer das alianças que o PT e o PCdoB realizaram com partidos de direita, nos 13 anos dos governos de Lula e Dilma, com a justificativa que teriam que ter maioria no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais, para que pudessem governar. Em nível nacional, Lula e Dilma fizeram alianças com o PMDB, PTB e outros partidos da direita e governaram para a Odebrecht, Itaú, o agronegócio e as multinacionais. Lula foi buscar Henrique Meirelles, que foi presidente mundial do Bankboston por cinco anos, para dirigir o Banco do Central durante os oito anos de seus governos, para aplicar e aprofundar todo o receituário econômico determinado pelo sistema financeiro nacional e mundial. Não podemos esquecer que seus aliados dirigiram Ministérios e assumiram muitos cargos, executando políticas nada republicanas e, nesse caminho, se corromperam. Sua participação em governos estaduais e municipais da referida aliança os conduziu às mais questionáveis traições ao seu histórico pregresso de lutas.

No Rio de Janeiro, aliaram-se com Sérgio Cabral (MDB) e participaram de seu governo, como foi o caso de Benedita da Silva, que assumiu a Secretaria de Ação Social e Direitos Humanos, e Carlos Minc, que assumiu a pasta de Meio Ambiente. Sérgio Cabral dispensa apresentações e tal nível de promiscuidade política foi dos principais elementos geradores da onda direitista que se abateu sobre a cidade e o estado do Rio nas últimas eleições. O próprio Crivella era um aliado estratégico do PT.

Por uma Frente de Esquerda e Socialista

O PSOL nasceu expulso do PT e, desde então, nunca deixou de fazer a necessária denúncia dos desvios e cessões praticados, sem muita vergonha, pelo partido que traiu os trabalhadores. Ainda é tempo de corrigir os rumos e nos aliar aos companheiros de luta, aos movimentos sociais, aos movimentos da esquerda socialista, contra a velha política que nos trouxe ao enorme retrocesso que somos obrigados a enfrentar hoje.

Aliança se faz com companheiros de luta e não com conciliadores prediletos do capital. Por isso defendemos a frente de esquerda com PSOL, PSTU, PCB e UP.

Babá

Fundador do PSOL, Professor e foi vereador no Rio de Janeiro, dep. estadual e federal no Pará.

Um comentário sobre “RJ: A Frente Ampla com PT e PCdoB é a saída?

  • 16 de julho de 2020 at 12:03 am
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    Apoiado companheiro.

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