Um acordo para salvar o regime político dos ricos e poderosos

“Eu vou encher a boca desse cara na porrada”, esbravejou o Presidente da República ao ser questionado sobre os depósitos suspeitos na conta bancária da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, no valor de R$ 89 mil. Parece ter chegado ao fim a mais longa trégua entre Bolsonaro e os palavrões, que se tornaram uma das marcas registradas de seu governo.

Desde a prisão de Queiroz, Bolsonaro vinha evitando declarações polêmicas, xingamentos e debates exaltados. Estava acuado, pressionado pelas investigações policiais contra seus filhos, pelos pedidos de impeachment no Congresso Nacional, pelo desastre no combate à pandemia e aos incêndios na Amazônia, e pelos rumos da economia.

Após aquele 18 de junho, quando a polícia descobriu o esconderijo e prendeu o ex-assessor do então deputado Flávio Bolsonaro, a crise se instalou em definitivo no centro do poder. Em jogo estava a possibilidade de ser delatado o esquema de corrupção montado pela família Bolsonaro; o envolvimento com a milícia criminosa que atua no Rio de Janeiro e até, quem sabe, o fio condutor que poderia levar aos mandantes do assassinato da vereadora do PSOL, Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes.

Uma marionete governa o país

Com a possibilidade real de seu governo vir abaixo, entrou em campo a turma destinada a fechar acordos e salvar o regime da democracia burguesa. No Congresso, os presidentes da Casa, Rodrigo Maia (Câmara) e Davi Alcolumbre (Senado), ambos do Democratas, faziam sua parte, impedindo ou dificultando a tramitação dos pedidos de impeachment, ao mesmo tempo em que articulavam o apoio necessário para o governo aprovar as propostas de um plano de ajuste, com medidas amargas contra o serviço público e os trabalhadores em geral. Entre essas medidas, foi apresentada ao congresso a proposta de reforma administrativa, que desmonta a administração pública retirando direitos dos servidores das três esferas de governo, mas preservando os privilégios de militares, juízes, desembargadores e parlamentares.

Do outro lado da Praça dos Três Poderes, coube ao presidente do STF, Dias Tóffoli, antigo consultor jurídico da CUT, assessor parlamentar do PT, e advogado de Lula em três campanhas presidenciais, tomar a frente para costurar um acordão que permitisse a Bolsonaro seguir governando, como sugeriu Lula após sair da prisão, em novembro de 2019: “Ele foi eleito. Esse cara tem um mandato de 4 anos”.

Por garantia, Bolsonaro tratou de distribuir cargos para os partidos do corrupto Centrão, na expectativa de conseguir comprar os votos que precisará, para evitar uma possível cassação. Costurando acordos para não cair, Bolsonaro se utiliza das manobras da “velha política”. Assim, seu governo se revela, a cada dia que passa, como a nova marionete, se mantendo submisso ao imperialismo norte-americano e às grandes corporações que controlam o sistema capitalista.

Unificar as lutas, rumo à Greve Geral

Devemos seguir o exemplo dos trabalhadores dos Correios, que hoje constroem uma heroica luta contra a privatização através de uma greve nacional da categoria, que tem unificado as pautas de campanha em defesa dos direitos trabalhistas, direito a vida em meio a pandemia e que a empresa continue pública.

A “receita” para derrotar governos e patrões já é conhecida da classe trabalhadora: unificar os que lutam. É necessário denunciar o governo fantoche de Bolsonaro e Paulo Guedes. É preciso denunciar a política genocida desse governo reacionário como a responsável pela morte de mais de 125 mil pessoas por COVID-19, e junto a ele, todos os governos anteriores que provocaram um verdadeiro desmonte da Saúde Pública. Temos que construir uma greve geral por quarentena total, salários integrais e manutenção de todos os direitos dos trabalhadores. Somente assim a classe trabalhadora poderá sobreviver ao descontrole governamental sobre a pandemia.

LS

Luta Socialista - PSOL

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