Em 1972, ano Internacional do Livro e décimo terceiro ano de uma nova Cuba, construída por Fidel, Che e muitos outros homens e mulheres, foram republicados os diários de Che Guevara pelo Instituto Cubano del Libro. Era o ano da “Emulación Socialista” e a propaganda ideológica era essencial.
No diário, é possível ler as prováveis últimas escrituras de Che. Ele relata, na madrugada do dia sete para oito de outubro de 1967, um pouco do que a guerrilha boliviana estava enfrentando. No dia sete, o exército é informado da localização dos guerrilheiros, no dia oito ele é capturado, e no dia nove assassinado.
Em julho de 2010, 39 anos depois, achei este diário em um sebo no interior de São Paulo. Até lê-lo com a calma e a atenção que merecia, achava que era apenas uma boa compra, mesmo sendo a mais cara dos preciosos 40 reais que gastei naquele sebo da Avenida Santa Cruz, em Limeira.
Quando cheguei na casa de meu pai, motivo da minha visita ao interior paulista, me deparei com um livro que deveria estar em um museu ou guardado dentro de uma biblioteca, com o mais devido cuidado. Era a edição feita “en conmemoración del V Aniversario de la muerte gloriosa en combate del comandante Ernesto Che Guevara.”
Havia achado um livro raríssimo, comprado pela bagatela de 18 reais, e a minha relação com Ernesto nunca mais seria a mesma.
Comecei a descobrir, a partir daquele momento, quem era o Che. Muito mais do que os repasses rápidos e as opiniões superficiais que temos, quem era aquele líder revolucionário de coração gigante que travou lutas fora de seus país. Che amava o mundo e a humanidade, era atento, implacável, duro, mas ao mesmo tempo amoroso e afetuoso. Um leitor voraz e dedicado escritor de seus pensamentos e reflexões.
É sempre difícil escrever sobre este homem, que já foi o inimigo número 1 da CIA e sobre quem até hoje o imperialismo impõe uma aura perversa; um dos maiores seres humanos que a Terra já viu. Hoje, nove de outubro de 2020, faz 53 anos de seu assassinato.
Encerro esse pequeno texto com o discurso que Fidel fez quando anunciou a morte de Che, ao povo cubano:
“Si queremos expresar cómo aspiramos que sean nuestros combatientes revolucionarios, nuestros militantes, nuestros hombres, debemos decir sin vacilación de ninguna índole: ¡que sean como el Che! Si queremos expresar cómo queremos que sean los hombres de las futuras generaciones, debemos decir: ¡que sean como el Che! Si queremos decir cómo deseamos que se eduquen nuestros niños, debemos decir sin vacilación: ¡queremos que se eduquen en el espíritu del Che! Si queremos un modelo de hombre, un modelo de hombre que no pertenece a este tiempo, un modelo de hombre que pertenece al futuro, ¡de corazón digo que ese modelo sin una sola mancha en su conducta, sin una sola mancha en su actitud, sin una sola mancha en su actuación, ese modelo es el Che! Si queremos expresar cómo deseamos que sean nuestros hijos, debemos decir con todo el corazón de vehementes revolucionarios: ¡QUEREMOS QUE SEAN COMO EL CHE!”
Marino Mondek