O documentário conta a biografia política do militante comunista, sindicalista, defensor dos direitos humanos e intelectual orgânico da classe trabalhadora, Jano Ribeiro (1929-2013). Fundador do sindicato dos metalúrgicos no ABC paulista e membro do PCB, atuou ao lado de figuras importantes como Caio Prado Júnior.
Devido ao seu intenso trabalho de oposição à ditadura civil-militar-empresarial, nos anos 70 teve sua família perseguida e ameaçada, foi preso, torturado e condenado injustamente. Na prisão testemunhou a morte do estudante Alexandre Vannuchi.
Tudo isso causou enorme sofrimento mental a Jano, que ao buscar ajuda se depara com outro campo de luta, a luta antimanicomial, de busca por uma alternativa ao tratamento baseado em sedativos. Se destaca na oposição a essa perspectiva a posição da psiquiatra e comunista do PCB Nise da Silveira, na qual a terapia ocupacional, a arte e a humanização tem maior importância.
Jano Ribeiro participa das lutas contra o liquidacionismo do PCB nos anos 90, pela solidariedade internacional com Cuba e Palestina e das comissões da verdade. Sua vida política representa as lutas e os sonhos de um Brasil mais justo e de uma vida mais bela.
O diretor Renato Queiroz decide realizar esse filme em meio a atual conjuntura conservadora, em que movimentos neofascistas expressam saudosismo com o período autoritário pelo qual o Brasil passou entre 1964 e 1988. “A figura de Jano Ribeiro representa a oposição política à ditadura, o movimento sindical como reivindicatório, mas não só, representa também a politização do movimento dos trabalhadores e a perspectiva revolucionária”, afirma Renato, que também relembra da situação em que o conheceu, “me lembro de estar em um evento de comemoração do PCB e que o conheci e escutei histórias sobre a sua luta que me marcaram imensamente. A partir daí decidi que deveria falar sobre ele”.
Em 2013 Renato chegou a produzir um vídeo sobre Jano, mas, segundo o próprio diretor “por questões técnicas ainda não poderia ter a abrangência completa da mensagem, mas agora, mais experiente no documentário e na montagem senti que era o momento de homenageá-lo como figura humana admirável e como ator político simultaneamente popular e de vanguarda. Além disso, o filme serve para relembrar a importância da sua luta por democracia e a ideia de que a democracia liberal burguesa é muito pouco ainda, que a luta é pelo poder popular e pelo socialismo.”
O filme foi produzido em meio a pandemia, de maneira que a sua montagem reúne produções antigas, tais como uma entrevista de Jano Ribeiro feita em 2013 pela União da Juventude Comunista – UJC; outra feita em 2010 pelo Espaço Cultural Latino Americano – ECLA; cenas do filme ABC da Greve de León Hirszman; e três canções, “Procissão dos retirantes” de Pedro Munhoz, militante do MST, “Não sinto medo” de Renato Queiroz, diretor do filme, e uma canção da Guerra Civil Espanhola.
É uma produção da Companhia Bueiro Aberto, coletivo de cinema independente de Guarulhos, cujas produções são voltadas a temática popular sob uma estética autoral, experimental e comunitária.
Você pode assistir o filme aqui: