Além ou aquém do cinema? Imagem e auto-imagem no audiovisual da América Latina
Organização e curadoria: Cassiano Terra Rodrigues
O curso visa debater as diversas formas de visualidade no cinema, enfatizando as formas de construção imagéticas no cinema da América Latina, enfatizando o contexto nacional de inserção na produção espetacular global, fortemente influenciada pelas imagens produzidas em Hollywood. O objetivo é refletir criteriosamente sobre as nossas expectativas quanto às nossas próprias formas de auto-representação. Nesse sentido, cada aula trará um debate relacionando diferentes contextos e intenções enunciativas.
A cada aula, outras referências de filmografia e bibliografia poderão ser indicadas.
Sobre o curso:
- O curso é Gratuito!
- As aulas serão realizadas nos dias 05, 12, 19, 26 de novembro e e 03 de dezembro, sempre às 16h, em nosso canal no youtube.
- O curso oferecerá certificação de 10 horas como curso livre para aos participantes devidamente inscritos.
- Inscrições abertas até: 03 de novembro de 2020, às 12h.
- Inscrição no final desta página.
Aula 1
5/11: Pensamento, percepção, ação: das imagens aos movimentos.
Cassiano Terra Rodrigues: Professor de filosofia no Departamento de Humanidades do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (IEFH-ITA).
Um movimento essencial da linguagem cinematográfica é a relação entre campo e contracampo, isto é, o que aparece na tela e o que não aparece, o que está fora do campo. E o que está fora do campo é fundamentalmente a plateia – os espectadores – aqueles que devem ver o que há para ser visto. Essa relação deixou de ser ingênua a muito tempo, mas ainda assim é enigmática. No atual contexto de recuperação do cinema fora de seus tradicionais circuitos de exibição – principalmente na Internet – é importante recuperar alguns aspectos sem os quais essa relação não existe.
É daí que poderemos perguntar: que olhar dirigimos a nós mesmos? E o que faremos com isso?
Para ver antes
Bye Bye, Brasil. Brasil, 1980. Dir. Cacá Diegues.
O olhar estrangeiro. Brasil, 2006. Dir. Lúcia Murat.
ou
https://www.looke.com.br/filmes/olhar-estrangeiro_2005
Bibliografia básica
AMÂNCIO, Tunico. O Brasil dos gringos: imagens no cinema. Rio de Janeiro: Editora Intertexto, 2000.
GOMES, Paulo Emílio Sales. Cinema: trajetória no subdesenvolvimento. 2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
MACHADO, Arlindo. O sujeito na tela: modos de enunciação no cinema e no ciberespaço. São Paulo: Paulus, 2007, cap. 1 e 2.
SHOHAT, Ella e Robert Stam. Crítica da imagem eurocêntrica: multiculturalismo e representação. Trad. Marcos Soares. São Paulo: Cosac Naify, 2006.
Aula 2
12/11: Espaço amazônico e cinema nacional: entre identidade e estranhamento.
Lúcia Ramos Monteiro é professora-adjunta do Departamento de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense.
Ao longo do tempo, a categoria do “nacional” tornou-se central para os estudos de cinema. O objetivo deste encontro é, em primeiro lugar, discutir os contornos do que habitualmente associamos à expressão “cinema nacional”: como se define o que entra na “História do cinema brasileiro”? O que fica à margem dessa história? A proposta aqui será a adoção de uma perspectiva diferente: olhar para a “História do cinema brasileiro” a partir da região amazônica – e dos filmes ali realizados. Com mais de 5 milhões de quilômetros quadrados distribuídos por nove países, a bacia hidrográfica estruturada em torno do rio Amazonas está longe de ser uma área homogênea. A produção estética e política desse espaço amplo e diverso é evidentemente plural e heterogênea, devendo ser considerada para além de fronteiras nacionais. Múltiplos, os Cinemas Amazônicos englobariam, assim, desde iniciativas pioneiras, como as de Silvino Santos e Ramón de Baños, até obras mais recentes, como as de Jorane Castro, Susana de Sousa Dias, Aurélio Michiles, Mathieu Kleyebe Abonnenc e Christoph Keller, passando por outros títulos emblemáticos, referidos a seguir.
Para ver antes
Um dia qualquer. Brasil, 1962. Dir. Líbero Luxardo.
Aguirre, a cólera dos deuses. Alemanha Ocidental, 1972. Dir. Werner Herzog.
Iracema, uma transa amazônica. Brasil, 1975. Dir. Jorge Bodansky e Orlando Senna.
The Laughing Alligator. Estados Unidos, Venezuela, 1979. Dir. Juan Downey.
Serras da Desordem. Brasil, 2006. Dir. Andrea Tonacci.
Bibliografia básica
BERNARDET, Jean-Claude, “Presença importada”. In: Jean-Claude Bernardet, Cinema brasileiro. Propostas para uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 18-36.
ARAÚJO, José Juliano. Cineastas indígenas, documentário e autoetnografia: um estudo do projeto Vídeo nas Aldeias. Bragança Paulista: Margem da Palavra, 2019.
AMANCIO, Tunico. O Brasil dos gringos. Niterói: Editora Intertexto, 2000.
BRASIL, André. “De uma a outra imagem”. In: Beatriz Furtado e Philippe Dubois (org.), Pós-cinema, pós-fotografia. Novas configurações das imagens. São Paulo: Edições Sesc, 2019, p. 256-271.
COSTA, Selda Vale da. “Cinema na Amazônia”. Revista História, Ciência, Saúde, vol. VI, set. 2000, p. 1073-1123.
GALVÃO, Maria Rita, et al. “Cinema: trajetória no subdesenvolvimento” [transcrição de debate]. In: Filme Cultura, ano 13, n. 35-36, 1980, p. 2-20.
KOPENAWA, Davi, e ALBERT, Bruce. A queda do céu. Trad. Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
ROSEN, Philip. “History, Textuality, Nation: Kracauer, Burch and Some Problems in the Study of National Cinemas”. In: Valentina Vitali & Paul Willemen, Theorising National Cinema. Londres: British Film Institute, 2006, p. 17-28.
SALES GOMES, Paulo Emílio. Cinema: trajetória no subdesenvolvimento. In: Paulo Emílio Sales Gomes, Cinema: trajetória no subdesenvolvimento. São Paulo: Paz e Terra, 1996, p. 85-111.
STOCO, Savio. O cinema de Silvino Santos (1918-1922) e a representação amazônica: história, arte e sociedade. São Paulo: Universidade de São Paulo (tese de doutorado), 2019.
Aula 3
19/11: O impacto da hegemonia hollywoodiana na estética cinematográfica da América Latina.
Marcelo Prioste: Doutor em Meios e Processos Audiovisuais pela ECA/USP. Professor na PUC-SP, membro da SOCINE – Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual e da ASAECA – Asociación Argentina de Estudios sobre Cine y Audiovisual.
O impacto da hegemonia hollywoodiana na estética cinematográfica da América Latina. Um percurso marcado por mimetismos, acomodações e operações reativas, como a iniciativa cubana no contexto do cinema moderno dos anos 1960.
Para ver antes
Lumière! A aventura começa. França, 2016. Dir. Thierry Frémaux. França, 2016.
Memórias do subdesenvolvimento. Cuba, 1968. Dir. Tomás Gutiérrez Alea.
Bibliografia básica
MOURA, Gerson. Tio Sam chega ao brasil: a penetração cultural americana. São Paulo: Brasiliense, 1984.
PARANAGUA, Paulo A. Cinema na América Latina: Longe de Deus perto de Hollywood. Porto Alegre: L&PM, 1985.
PRIOSTE, Marcelo (Org.); ALTMANN, E. (Org.) ; BRAGANCA, M. (Org.) ; TAVARES, D. (Org.). Audiovisual e América Latina: estudos comparados. 1. ed. São Paulo: SOCINE – Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual, 2019. Disponível em: https://www.socine.org/publicacoes/livros/.
Aula 4
26/11: Cinema Negro: Experiências de Contravisualidade.
Janaína Damaceno Gomes: Coordenadora do Fórum Itinerante de Cinema Negro (FICINE). Professora adjunta da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF/UERJ) e colaboradora dos programas de Pós-graduação em Educação, Cultural e Comunicação (PPGECC/FEBF/UERJ) e Mestrado em Cultura e Territorialidades (PPCULT/UFF).
Nesta aula, abordaremos a recente produção cinematográfica de diretores negros brasileiros através da noção de contravisualidade apresentada por Nicholas Mirzoeff, em seu livro Direito a olhar: uma contra história da visualidade, e de autoras como bell hooks, Kenia Freitas e Janaína Oliveira.
Para ver antes
Infância roubada. África do Sul, 2006. Dir. Gavin Hood.
Nha Fala. Guiné-Bissau, 2002. Dir. Flora Gomes.
A deusa negra. Nigéria, Brasil, 1979. Dir. Ola Balogun.
Bibliografia básica
DAMACENO, Janaína. Revertendo imagens estereotipadas. In: ComCiência: Revista eletrônica de jornalismo científico. Disponível em: https://www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&edicao=34&id=399.
FREITAS, Kenia. Performando-se negre no cinema: anotações para uma conversa infinita. Disponível em: http://revistadr.com.br/posts/performando-se-negrx-no-cinema-anotacoes-para-uma-conversa-infinita/.
hooks, bell. Olhares negros: raça e representação. Trad. Stephanie Borges. São Paulo: Editora Elefante, 2019.
MIRZOEFF, Nicholas. O direito a olhar. In: ETD – Educação Temática Digital, Campinas, SP, v. 18, nº 4, pp. 745-768, out./dez. 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.20396/etd.v18i4.8646472 .
OLIVEIRA, Janaína P. de. Descolonizando telas: o FESPACO e os primeiros tempos do cinema africano. Odeere, v. 1, p. 50-74, 2016. DOI: https://doi.org/10.22481/odeere.v0i1.1533
Aula 5
03/12: História, engajamento e democracia no cinema de Leon Hirszman.
Reinaldo Cardenuto: Professor adjunto do Departamento de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense (UFF)
O encontro propõe uma reflexão sobre o percurso artístico e intelectual do cineasta Leon Hirszman a partir, sobretudo, do filme Eles não usam black-tie (1981). Concentrando-se nas relações entre cinema e História, a aula articula uma introdução às práticas culturais, estéticas e ideológicas do realizador, analisando interpretações que ele mobilizou em torno do Brasil durante a vigência da ditadura civil-militar (1964-1985). Por meio de um estudo do filme realizado em 1981, adaptação da obra teatral homônima de 1956, pretende-se abordar as leituras políticas e estéticas propostas por Hirszman no contexto histórico de gradual reabertura democrática do país, ressaltando aspectos de um engajamento cinematográfico que buscou levar a reflexão crítica a amplas camadas de público.
Para ver antes:
Eles não usam black-tie. Brasil, 1981. Dir. Leon Hirszman.
Bibliografia básica:
CARDENUTO, Reinaldo. A escrita da História no cinema de Leon Hirszman. Um comunista diante das contradições do movimento operário (1979-1981). In: Cinémas d’Amérique latine [En ligne], 21 | 2013, mis en ligne le 14 avril 2014, consulté le 23 octobre 2020. URL: http://journals.openedition.org/cinelatino/203; DOI: https://doi.org/10.4000/cinelatino.203.
Aula 6
10/12: Aula magna de encerramento: As imagens dos heróis bandoleiros e a política do cinema militante do movimento Nuevo Cine Latinoamericano.
Ana Daniela de Souza Gillone: Pós-doutorada pelo Departamento de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).
Professora do curso de pós-graduação em comunicação da FIAM-FAAM; coordenadora e professora de cursos de cinema latino-americano no MIS-SP – Museu da Imagem e do Som, São Paulo.
Partiremos dos filmes do período clássico que ressignificaram as revoltas dos heróis bandoleiros: o Lampião no Brasil, o Pancho Villa no México e o gaúcho desbravador das fronteiras na Argentina – e ainda temos a configuração de outras personagens marginais em outras cinematografias, tal como o cacique Tupac Amaru e as associações de sua imagem ao conflito armado no cinema peruano. Essa marginalidade heroica influenciou na maneira de ser pensado o contexto de dominação e colonização pelo cinema de resistência que integra o movimento Nuevo Cine Latinoamericano nas décadas de 1960 e 1970. A discussão envolve o estudo dessas representações e da condição que os cinemas nacionais latino-americanos encontraram para a difusão da sua própria política.
Para ver antes:
Cobrador: in God we trust. Argentina/Brasil/Espanha/França/México/Reino Unido, 2006. Dir. Paul Leduc,
Bibliografia básica:
GILLONE, Daniela. Las representaciones de lo popular en el cine brasileño del periodo clássico. In: Actas del I Simposio iberoamericano de estudios comparados sobre cine. Natalia Christofoletti Barrenha … [et al.]; coordinación general de Natalia Christofoletti Barrenha ; Javier Cossalter ; Lusnich, Ana Laura. – 1ª ed . Ciudad Autónoma de
Buenos Aires: Editorial de la Facultad de Filosofía y Letras Universidad de Buenos Aires, 2015.
Vale consultar na Internet: http://cinelatinoamericano.org/
Certificados:
- Só terá direito a certificação quem se inscreveu previamente no curso;
- Para receber o certificado você deve acompanhar no mínimo 75% das aulas;
- Enviaremos, via whatsapp, um formulário, para confirmação da presença no curso. O formulário ficará aberto por 72 horas após o encerramento da aula ao vivo. Você não precisa assistir ao vivo para receber o certificado, mas em até 3 dias após ela ser transmitida;
- O certificado do curso serão enviados o mais rápido possivel após o encerramento do curso.
Pingback:Inscrição Confirmada - Contrapoder
maravilhosa iniciativa do CONTRAPODER.
Estarei lá.
FORCA E LUTA!
Iniciativa de excelência para compartilhamento de conhecimento e inclusão. Parabéns a toda a Equipe do CONTRAPODER por organizarem o evento. Vocês fazem toda a diferença! Obrigada !
Agradeço a confirmação da inscrição para participar do Curso.
Atenciosamente,
Vera Lúcia Pinheiro dos Santos
Adorei a proposta do curso !!! Vai ser com certeza uma ótima discussão!!!
Bom dia! Parabéns pela iniciativa!
Só vi agora. Ainda há vagas para eu cptlhar?
Grata.
pode participar sim!
Oi, tudo bem? Me inscrevi antes do prazo (acredito que no dia 02/10) mas não recebi o formulário no whatsapp, como faço?
olá! o formulário não foi pelo whatsapp, mas sim era o do próprio site.
😀
vamos enviar uma mensagem pelo whats em breve
olá! como estão? me inscrevi dentro do prazo e não recebi nem o formulário nem o link para as aulas.
recebeu pelo zap?
Gostaria de participar do curso.
Olá Robson…
mande um emial pra nós com: Estado, cidade e nome completo, por favor.
Olá bom dia !! Eu me inscrevi no curso a não estou recebendo o link para confirmação de presença,da aula 2
Olá, não recebi o formulário de presença da aula 1. Da aula 2
nos envie uma mensagem pelo whatsapp, por favor
https://www.contrapoder.net/whatsapp