Em 11 de agosto de Em 11 de agosto de 1965, em Watts, Los Angeles, Califórnia, teve início o episódio conhecido como Distúrbio de Watts, uma rebelião popular contra a violência policial sofrida pelos negros nas periferias de LA. Um evento muito similar aos protestos do Black Lives Matter ocorridos nos últimos meses, como reação ao assassinato por sufocamento de George Floyd por policiais brancos. O levante antirracista que varre os EUA tem à frente o movimento Black Lives Matter, criado após o assassinato do jovem negro Michael Brown, de 18 anos, por um policial em Ferguson, no ano de 2014, e que gerou dez dias de levantes e protestos da população negra contra a violência das forças de segurança.
Voltando a 1965… O jovem Marquette Frye (21) andava de carro com seu irmão menor e foi parado por um policial rodoviário que o acusava, sem nenhuma prova ou indício, de dirigir embriagado e afirmava que deveria apreender o veículo. Seu irmão correu para casa para chamar sua mãe e foi chamando os vizinhos no caminho. O policial chamou reforços, prenderam violentamente Frye, seu irmão e sua mãe, mesmo sob protestos.
Naquela mesma noite, os moradores de Watts, bairro na região centro-sul de Los Angeles, entraram em confronto com a polícia pela liberdade da família de Frye e contra as abordagens violentas contra negros. Nesta primeira noite 29 pessoas foram presas. O que fez os protestos se intensificarem.
No segundo dia a cidade estava em chamas e foi chamada a Guarda Nacional. Mais repressão, mais revolta.
Ao todo foram mobilizados mais de 20 mil homens da guarda-nacional e de polícias de cidades vizinhas a Los Angeles. A repressão foi brutal: 34 pessoas foram assassinadas pelo Estado, mais de 4.000 presas ou detidas. O relato oficial indica que 977 edifícios foram danificados, saqueados, incendiados ou destruídos pelos moradores de Watts. Foram 4 noites de sublimação popular que marcaram a luta antirracista americana e mundial.
Domingo, 9 de agosto, Parque Bristol, sul de São Paulo.
Rogério Ferreira da Silva Júnior é brutalmente assassinado, no dia de seu aniversário, pelas mãos da polícia de São Paulo. As imagens mostram que foi uma execução a sangue frio, sem nenhum indício de violência ou resistência.
A brutalidade da polícia militar brasileira, sem exceções de estados, é imensa. Diariamente a polícia brasileira mata 16 pessoas, 12 são negras. A cada dia, 12 George Floyd são brutalmente assassinados no Brasil. Esta polícia não pode ser reformada, ela é corrupta e racista em sua estrutura e tem um objetivo genocida. Não há outra opção: é urgente o fim da polícia, para, assim, constituirmos uma nova ferramenta de justiça e segurança pública.
Sobre o assassinato de Rogério Ferreira da Silva Júnior:
https://ponte.org/pms-matam-jovem-no-aniversario-e-video-revela-possivel-execucao/