Um belo horizonte de lutas contra a “nova política”

Natália Granato e Edivaldo de Paula (Executiva PSOL-BH)

As eleições foram adiadas, mas as lutas e o debate na esquerda mineira, não: os atos antifascistas continuam e os entregadores estão mobilizados. Por isso, achamos fundamental discutir os rumos do PSOL na capital mineira. Construir uma Frente de Esquerda Socialista com os lutadores e aqueles que não se venderam.

BH é atualmente governada por Alexandre Kalil (PSD), prefeito que pedia paciência à população enquanto morriam mais de 50 pessoas por conta das enchentes no início do ano, e que enviou para a Câmara proposta de aumentar a alíquota dos servidores, ao mesmo tempo em que propunha reajuste 0 aos professores. Além disso, na pauta do Escola Sem Partido, Kalil atuou junto com Zema (NOVO) para colocar a Guarda Municipal na frente da Câmara, impedindo os movimentos sociais e a população de entrarem no local.

Não bastassem essas movimentações, Kalil, pressionado pelos comerciantes e empresários, afrouxou o distanciamento social, levando a uma explosão de casos de COVID-19 em Belo Horizonte. O prefeito aproveitou a pandemia para fazer o que qualquer outro governante fez: usar a crise sanitária para atacar o direito dos trabalhadores, por exemplo retirando os cargos de professores na educação infantil e no ensino fundamental.

Para derrotar o bolsonarismo em BH, a Frente Ampla é a saída?

No dia 19 de junho, o PSOL-BH decidiu pela candidatura de Áurea Carolina, deputada federal eleita por Minas, em 2018, e que colocou-se à disposição para a disputa das eleições em 2020. As outras pré-candidaturas, Dirlene Marques (candidata a governadora em 2018) e Andrea de Jesus (deputada estadual – MG) retiraram os seus nomes da disputa.

Infelizmente, a pré-candidatura de Áurea tem uma política determinada, definida muito antes do Diretório que a oficializou. O mandato de Áurea é construtor da plataforma Cidades pela Democracia, uma articulação suprapartidária composta por mandatos do PT e PCdoB e que tem feito, regularmente, atividades com PSB, PDT e outras organizações. Sua candidatura está a serviço de ampliar o leque de alianças e construir um “programa possível para a cidade”, para derrotar o bolsonarismo.

Com essa política, a Direção do PSOL (LSR, Muitas, Resistência, Primavera Socialista) e Áurea dizem querer derrotar o bolsonarismo e, para isso, segundo o próprio manifesto lançado por eles, é necessário unificar-se com todos esses partidos e organizações.

Para aplicar a Frente Ampla, a Aliança avança contra a democracia interna

A maioria da executiva do PSOL-BH definiu que faria duas plenárias virtuais para debater com o conjunto da militância, mas que essas plenárias serviriam apenas para a consulta, sendo os votos e a decisão tomados somente no espaço da direção. Ou seja, a base não tem o direito de votar qual projeto o PSOL-BH apresentaria, se seria mais um projeto de conciliação ou se o PSOL se colocaria como uma alternativa de esquerda e socialista para a cidade.

Em nossa opinião, para derrotar o bolsonarismo é necessário fazer um enfrentamento nas ruas. Temos, recentemente, demonstrações da força das mobilizações, com as torcidas organizadas antifascistas tomando a dianteira e fazendo a extrema direita recuar, os entregadores paralisando a cidade e o movimento negro denunciando a violência policial. É fundamental que não se confunda o que é a unidade nas ruas e o que é a necessidade de um programa de esquerda, socialista e de ruptura, que em nenhum momento é a proposta desse setor.

O PSOL Belo Horizonte precisa ser oposição a Kalil, com uma Frente de Esquerda Socialista

É importante lembrar que o PT perdeu as eleições em 2018, quando tentava reeleger Fernando Pimentel, investigado por corrupção, que além de trazer consigo várias denúncias, foi quem implementou o parcelamento de salários dos servidores e anistiou a Vale e a Samarco, responsáveis pelo crime de Mariana em 2015.

O PSB, por sua vez, governou Belo Horizonte até a vitória de Kalil, com Márcio Lacerda. Ele tentou privatizar até espaços públicos como praças, sendo uma delas a Praça da Estação, cartão-postal da cidade (o que gerou inclusive um movimento em defesa da manutenção da praça como local público, a Praia da Estação), além de também criar a PBH ATIVOS, empresa de capital privado que drena os recursos públicos diretamente para o sistema financeiro.

Além do PSB, outro partido com o qual a direção majoritária do PSOL aventa a possibilidade de aliança é o PDT. Tanto o PSB, quanto o PDT recentemente votaram, no Senado, a favor da privatização da água, mostrando que quando o assunto é atacar os trabalhadores e privatizar ainda mais nossas riquezas, estão com Bolsonaro/Mourão e Guedes.

Por isso, batalhamos para estar ao lado dos lutadores da cidade, das ocupações, da juventude e dos trabalhadores, onde reconhecidamente estão o PSOL, o PSTU, o PCB e a Unidade Popular. Caminharemos com quem está ombro a ombro com os trabalhadores, para apresentar um projeto de ruptura, que de fato seja capaz de governar para o povo pobre, lutando contra lucro dos empresários e os ajustes que atacam a classe trabalhadora.

Natália Granato

Dirigente da CST.

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