130 anos de Antonio Gramsci

Nascido no dia 22 de janeiro de 1891, em Ales, província de Cagliari, na Sardenha, o pequeno Ninno, como era chamado quando criança, foi o quarto dos sete filhos de Francesco Gramsci e Giuseppina Marcias. De saúde frágil desde a infância em função de uma deformação na coluna causada por uma tuberculose óssea, aos 12 anos Antonio Gramsci foi obrigado a interromper os estudos por um período de três anos para começar a trabalhar, diante das dificuldades financeiras pelas quais passava sua família.

O primeiro contato de Gramsci com o socialismo ocorreu aos 14 anos, por meio do jornal Avanti, do Partido Socialista Italiano (PSI), que o irmão mais velho, Gennaro, enviava de Turim, onde prestava o serviço militar. Com bolsa de estudos, aos 20 anos Gramsci foi pra Turim para estudar Filologia Moderna na Faculdade de Filosofia e Letras da Università degli Studi di Torino, que ele não terminou em razão da militância e de problemas financeiros. Deixou de frequentar o curso em 1915, tendo planos de retomá-lo até o ano de 1918, infelizmente frustrados pelo agravamento da crise na Itália e a correspondente necessidade de ação política mais intensa.

Aos 22 anos se tornou militante do PSI. Aos 24 anos se tornou redator do Avanti, órgão de imprensa central do PSI, onde escreve entre 1915 e 1920. A partir daqui até ser preso pelo regime fascista em 1926, quando Gramsci tinha 35 anos, o autor desenvolveu atividade editorial intensa nos jornais do PSI e depois no PCd’I, que ele ajudou a fundar em janeiro de 1921.

Os textos desta época, hoje chamados “Escritos pré-carcerários” reúnem um grande volume de artigos de jornal. Uma das mais significativas experiências redatoriais é o semanário L’Ordine Nuovo, cujo subtítulo era “publicação semanal de cultura socialista” (com três amigos: Palmiro Togliatti, Umberto Terracini e Angelo Tasca), fundado em 1919, como semanário entre 1919 e 1920 e a partir de 1921 como órgão do PCd’I.

O grupo que se reunia no L’Ordine Nuovo teve um papel muito importante entre 1919 e 1920 no chamado Biennio Rosso, que consistiu em um período de greves e manifestações operárias nos grandes centros industriais da Itália, que foram na verdade a culminação de uma crise que se arrastava desde o final da I Guerra Mundial, desde 1917 pelo menos.

Seu último escrito antes de ser preso é “Alguns temas da questão Meridional” de 1926. Gramsci ficou preso entre os anos de 1926 e 1937. Em 21 de abril de 1937 conseguiu a liberdade, mas só foi comunicado quatro dias depois; no mesmo dia, 25 de abril, sofreu um derrame e faleceu em 27 de abril de 1937, aos 46 anos. No cárcere escreveu as notas que foram reunidas pelo PCI e publicadas postumamente como os Cadernos do Cárcere.

Gramsci viveu e sofreu os efeitos de três dos eventos mais impactantes da história: a Revolução Russa, a I Guerra Mundial e o surgimento do fascismo na Itália.

Como legado intelectual e político, Gramsci deixou um conjunto de reflexões e conceitos que ainda hoje mostram sua atualidade e importância para a análise política contemporânea, entre eles: hegemonia, subalternidade, Estado integral, intelectual orgânico e tradicional, bloco histórico, aparelhos privados de hegemonia, a noção ampliada de partido político, revolução passiva, entre outros. Estudar um intelectual e político militante que viveu e lutou contra o regime fascista na Itália torna-se fundamental hoje diante de uma conjuntura política e social cada vez menos democrática e mais marcada por traços autoritários. A crítica gramsciana permanece, portanto, essencial para a formação de intelectuais e de movimentos autônomos, genuinamente democráticos.

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